4 de outubro de 2009

Dia Mundial do Animal

 
«DIA MUNDIAL DO ANIMAL», 4 DE OUTUBRO
Mensagem do Governador Civil de Faro
 
 
O Dia Mundial do Animal celebra-se desde 1931, na sequência de uma convenção ecologista realizada em Florença. Inicialmente instituído como forma de chamar a atenção sobre as espécies em perigo, rapidamente passou a englobar a defesa de todas as formas de vida animal.
 
A data de 04 de Outubro foi escolhida por coincidir com o Dia de S. Francisco de Assis, Santo patrono dos animais.

Resumindo, os objectivos da comemoração deste Dia Mundial prendem-se com a celebração da vida animal, em todas as suas formas; a celebração do relacionamento entre a humanidade e o reino animal; e dar a conhecer e agradecer os diversos papéis que os animais desempenham nas nossas vidas e a forma como as enriquecem.

No site internacional do Dia Mundial do Animal poderá conhecer mais sobre esta iniciativa e, eventualmente, começar a pensar em formas de comemorar este dia no próximo ano.
http://www.worldanimalday.org.uk/index.asp

Pessoalmente, tenho a firme convicção que nós, enquanto espécie superior - pela nossa suposta racionalidade - mais do que direitos sobre as outras espécies, temos responsabilidades acrescidas.

Responsabilidades de protecção e cuidado que nos exigem uma reflexão profunda sobre a nossa forma de relacionamento com as outras espécies animais, não só ao nível das questões teóricas sobre esta matéria, mas também ao nível do nosso quotidiano.

E se tudo o que envolve o sofrimento animal deve ser objecto de séria análise ética, o que tem a ver com esse sofrimento como forma de diversão, deve ser feito com a máxima urgência.

Independentemente do respeito por quem pense de forma diferente, sinto como obrigação de cidadania a necessidade de manifestar a minha opinião sobre esta matéria, nomeadamente no que diz respeito às touradas, aquela que tradicionalmente está mais enraizada no nosso País.

Não considero nem mais nem menos reprováveis as touradas com toiros de morte. Do ponto de vista do prazer que alguém pode ter com o sofrimento de um animal, parece-me perfeitamente irrelevante.

Se a tradição justificasse tudo, não teríamos democracia, a igualdade de direitos entre homens e mulheres seria naturalmente questionada e ainda poderíamos ter cristãos a serem chacinados em circos romanos ou a escravatura a ser aceite como natural. Se aceitamos que a caminhada da humanidade tem sido no sentido de um cada vez maior aperfeiçoamento, não podemos aceitar a justificação da tradição.

Mas mesmo que se aceitasse, com base em argumentos de raízes culturais e de identidade comunitária, não deveriam tais situações ser limitadas aos locais onde, efectivamente, tal se verifica?

No que diz respeito ao Algarve, interrogo-me sobre a existência de tais raízes… interrogo-me também sobre se, uma Região turística, que se pretende de excelência, é compatível com a realização de “espectáculos” de tal natureza, aliás alheios a qualquer tradição regional…

Sei que estas questões não são pacíficas. Sei também que envolvem fortes interesses económicos e muitos adeptos das touradas mas, em consciência, à pergunta sobre se gostaria de ver o Algarve como Região sem touradas, só posso ter uma resposta:

Sim, gostaria.
 
Faro, 04 de Outubro de 2009
O Governador Civil,
Carlos Silva Gomes

http://www.gov-civil-faro.pt/detalhe/default.asp?id=292&t=notc

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"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de carácter,

e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."

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Arthur Schopenhauer